Edifício de Habitação e Comércio
2004
A PECS foi responsável pelos projectos de estrutura e fundações e de algumas especialidades do edifício de habitação e comércio localizado em Santa Cruz, Madeira.
Além do desenvolvimento dos projectos foi também responsável pela sua coordenação e pelo acompanhamento dos respectivos licenciamentos administrativos.
Trata-se de um edifício composto por oito pisos, dois enterrados (pisos –3 e -2), um piso semi-enterrado (piso -1) e os restantes cinco em elevação (pisos 0 a 4). Os pisos enterrados destinam-se a estacionamento, os pisos 0 e 1 a comércio e os restantes a habitação. O edifício tem uma área de implantação de 1300 m2, desenvolvendo-se numa disposição em U em torno de um pátio central a partir do piso 0.
Descrição
A solução estrutural proposta passa pela utilização de lajes fungiformes maciças de 0,20 m de espessura, com capitéis de 0,40 m de espessura nos pisos -2 a 2, e fungiformes maciças de 0,30m de espessura nos pisos 3, 4 e esteira. Estas lajes funcionam apoiadas directamente sobre pilares, vigas e paredes, os quais transmitem as cargas às fundações.
Dadas as elevadas cargas provenientes da superestrutura e as fracas características geomecânicas da camada superior do terreno, prevê-se a fundação do edifício por intermédio de fundações indirectas em microestacas injectadas a alta pressão de diâmetros de 180 e 205 mm. A opção por uma solução de microestacas em detrimento de estacas em betão armado prende-se com as dificuldades de execução das últimas num terreno constituído por blocos de pedra desagregados com dimensões razoáveis. As microestacas são executadas introduzindo num furo previamente realizado, um tubo manchete provido de válvulas ao longo de todo o comprimento de selagem. A tecnologia de injecção a utilizar será do tipo IGU (injecção global única), em que a calda de cimento é injectada de uma só vez através de um tubo com obturador simples colocado na cabeça do perfil tubular.
Devido à existência de nível freático (cerca de 3,75 m de altura de água máxima em relação à laje de fundo), ao nível do piso -3 optou-‑se pela execução de um massame armado com 0,15m de espessura (onde se coloca uma malha electrosoldada AQ50), uma camada de brita com 0,35m de espessura, aplicados sobre uma laje de fundação com 0,35m de espessura. A camada de brita destina-se a drenar eventuais águas residuais para a estação elevatória.
Uma vez que os muros de contenção periféricos do edifício se encontram já executados até uma cota superior à prevista para implantação do edifício, torna-se necessário realizar um aprofundamento dos mesmos. Esse aprofundamento consiste na demolição das sapatas dos muros existentes, escavação até à cota de projecto, execução de novas microestacas e betonagem do resto do muro e nova sapata de apoio.
Como o piso –3 não ocupa toda a área de implantação do edifício, foi ainda necessário realizar um muro em betão armado para realizar um desnível entre o piso –3 e o piso –2. Após uma inspecção ao local foi possível observar que o terreno nesta zona encontrava-se algo instável. Desta forma, optou-se por realizar uma cortina de microestacas com um espaçamento de 1,00 m que servem simultaneamente de fundação e contenção provisória durante a escavação.
A pérgola da entrada, em madeira (tipo lamelados colados), é resultado do trabalho desenvolvido entre a Arquitectura e a Estrutura. Esta estrutura, apoia ao nível do piso 2 e do piso 1, através de tubos metálicos ROR 139.7x6. Os elementos em madeira são solidarizados com recurso a tubos metálicos ROR 193.7x8.